quinta-feira, setembro 25, 2008

Workshop Ídolos 2008: o resultado da descrença

Eu gosto muito do formato Idol, acho American Idol um programa bem executado, bem pensado, bem produzido, bem finalizado. Um exemplo de TV bem feita: de bom gosto mas com apelo popular. Acompanhei as duas primeiras edições de Ídolos no Brasil (SBT). Registrei neste mesmo blog minhas impressões, positivas ou negativas. Tive restrições, também gravadas neste espaço, quanto ao inusitado fato de a Record tirar o formato do canal de Silvio Santos.
Depois de mais de um ano, resolvi me pronunciar. Eu assisti a trechos dos dois primeiros programas de audição e achei a falta de carisma de apresentador e jurados do Ídolos da emissora do bispo Macedo algo decepcionante. Aquela história de Cochise é patética, chama mais atenção para os jurados, gente que até outro dia estava bem próxima do anonimato. Eles têm seu histórico nos bastidores. Mas poderiam calçar aquelas famosas sandálias antes de se ocupar em chamar atenção para eles mesmos. Simon Cowell ensina muito bem como ser egocêntrico com classe e mantendo a graça. Procurem por algum livro dele e leiam todas as noites até o Ídolos 2009, se houver livro hahahahaha. 1 X 0 para minha descrença.
Como eu gosto muito da fase do teatro, ela tem peso 2 para mim. Considero o fator "conflito" importantíssimo em um reality show (e é no teatro que o conflito pulsa em Ídolos). Acompanhei os episódios de semana passada e gostei. 2 x 1 para a Record. Fez uma segunda fase digna mas sem copiar (e copiar é a especialidade da casa).
Mas os episódios desta semana foram tecnicamente frustrantes. Existe, sim, um formato. Mas ele não pode se tornar um fator que "engesse" o programa. A sucessão de erros da TV Record nada mais foi do que uma reprise do que vimos nos últimos dois anos pela emissora da Anhanguera.
Vamos a eles:
1 - Rodrigo Faro é MUITO "tatibitati". Ele é um esboço de apresentador, embebido na falta de carisma Passa bem longe da "pimenta" que cria empatia entre os telespectadores americanos e Ryan Seacrest. Vive amarrado ao texto, não improvisa. Tudo em intensidade maior que a apresentada por Beto Marden e Lígia Mendes (esta última, até desenvolta), que pelo menos criavam empatia com o suposto público-alvo do programa. Algo emblemático da cópia tosca do 'hostess': a tradução ao pé da letra "O Brasil votou" (America voted) é um arremedo do arremedo. Triste.
2 - A edição da Record é primária. Não disfarça a fraqueza da produção. Editor é alguém que precisa ter a genialidade de quem sabe dar seu toque final. Não existe sensibilidade; só brutalidade que remete ao tipo de edição feito nos anos 50. Reprise do SBT mais uma vez.
3 - Cadê os milhões em investimento? O cenário foi reciclado de "O jogador". Até os banquinhos onde sentam os finalistas aprovados parecem ter sido levados da Anhanguera! Não há, pelo terceiro ano consecutivo, a possibilidade de o público brasileiro médio interagir. Ligações caras impossibilitam a interação, dona Record! E este era um dos problemas elementais do SBT. Você, leitor, tem dinheiro para votar várias vezes como eles pedem? Nem eu. Vou além. Resultados ao vivo pra que mesmo?? Suspense nem é bem vindo em um reality show...
4 - A iluminação estourada muito me incomoda. Não se vêem jatos de luz, mas, sim, um borrão branco na tela, que se soprepõe à imagem de quem realmente deveria brilhar: os cantores. Grotesco.
5 - Um questionamento para encerrar. Seria Ídolos um festival de descrença e a minha é das menores??? Ninguém no Brasil confia no formato??? Nem Record, nem SBT, nem a gravadora, nem a FremantleMedia...?
Enfim, 2 x 2 no embate da minha descrença versus Ídolos 2008. Eu ainda espero o desempate, na fase final. Quero dar meu braço a torcer mas aposto uma bala com cada leitor que as surpresas desagradáveis não vão parar por aí. Já estou até vendo um DJ cafona no cantinho da tela, meninas ensandecidas gritando na platéia (sem direito a áudio regulado), clipes da Seda (ou McDonalds ou Banco do Brasil) e um festival de merchandising do Portal Ídolos, MySpace, sob o risco de descambar para Camisaria Fascynius, TekPix e companhia bela...
Por enquanto, saudades do Ídolos do SBT. Pelo menos era uma cópia. E não a cópia da cópia, num oferecimento da Recópia.

3 comentários:

turnes disse...

a produção realmente tá podre. problemas de áudio num show de música não dá pra engolir.
Mas devem melhorar com a experiência. qto aos candidatos, rafal bernardo ficou relamente muito a frente dos outros: afinado, carismático, interpreta com bom gosto e autoria e espertíssimo com a escolha da música matadora. deve chegar entre os primerios colocados, pois parece que o público o adorou.
abraços.

Anônimo disse...

poxa... o mais triste é ver a fase do top 30 não ser apresentada ao vivo!

Laleeca disse...

Você esqueceu de dizer que o áudio dos jurados é mais baixo que do apresentador. Como o programa passa tarde e aqui em casa tem gente dormindo, só com o controle na mão.